Segurança em Cirurgia Plástica

Estudos americanos estimam que entre 50 e 90 mil pessoas morram anualmente devidos a erros médicos

A Cirurgia Plástica é normalmente conhecida pela população leiga como sendo uma especialidade de superfície, na maior parte das vezes relacionada à cirurgia cosmética. É comum que nossas cirurgias sejam consideradas seguras e isentas a riscos, mas sabemos que, apesar de nossos procedimentos na grande maioria das vezes serem eletivos e realizados em indivíduos sadios, o risco de complicações existe e é nosso dever e obrigação tentar evitá-los. Felizmente as complicações mais vistas por nós são aquelas relacionadas a sangramentos, infecções e defeitos na cicatrização. Complicações mais graves, como tromboses venosas profundas, tromboembolismo pulmonares e problemas cardíacos. São menos frequentes. Quando acontecem, enfrentamos situações extremamente difíceis e sempre questionamos sobre o que poderia ter sido feito para evita-las.

Segurança é um tema que cada vez mais tem marcado presenças em nossas reuniões e congressos, pela enorme preocupação que temos de tentar deixar nosso procedimentos cada vez mais seguros. Na verdade, segurança é um item que deve estar sempre presente em qualquer ato cirúrgico, de qualquer especialidade.

Erros médicos previsíveis ainda estão entre as 10 principais causas de mortes nos EUA. Estudos americanos estimam que entre 50.000 e 90.000 pessoas morram anualmente devidos a esses erros médicos que poderiam ter sido prevenidos e evitados, originando custos em torno de 79 bilhões de dólares.

Cabe a nós cirurgiões tentar prevenir as chances de complicações que podem aparecer em nossos pacientes, proporcionando a maior segurança plástica em geral.

Costumo dizer a meus pacientes que todos os procedimentos apresentam riscos e que nossa obrigação é tentar diminuir esses riscos ao máximo.

E como podemos fazer isso?

Em primeiro lugar, operando pacientes em boas condições de saúde. História clínica detalhadas acompanhada de exame clínico e exames pré-operatórios adequados são absolutamente indispensáveis. Ao menor sinal de qualquer patologia que possa levar a uma complicação no intra e/ou pós-operatório, justifica suspensão do procedimento e investigação adicional. Confesso que, muitas vezes, somos “forçados” pelos pacientes que nos tentam convencer de que aquele é o único momento em que ele pode operar, por motivos diversos como férias, viagens, etc. Confesso também, que negligenciar algumas situações duvidosas ao analisarmos alguns exames que estão alterados, “mas apenas pouco alterados”. Sugiro que nesses casos dividimos a decisão com o colega anestesista ou mesmo com o clínico geral.

Em segundo lugar, operando em lugares que considero seguro. É importante que cada um encontre o local onde se sinta seguro para trabalhar. Cada vez mais são dedicados esforços pelas entidades médicas para cadastrar e certificar centros para realização de procedimentos eletivos e vejo isso como uma ótima alternativa para proceder as cirurgias de uma maneira segura, fugindo dos altos custos hospitalares dos dias de hoje.

O terceiro ponto que explico aos meus pacientes, não intuito de diminuir nos riscos do procedimento,se refere a equipe médica que vai trabalhar junto comigo. Procuro sempre utilizar a mesma equipe de anestesia e auxiliares, o que comprovadamente diminuem a chance de erros num procedimento cirúrgico. Em 2006, a Join Comission reportou que 70% de eventos inesperados na área da saúde e que envolveram morte ou complicações sérias ocorreram devido a falhas de comunicação da equipe assistencial. Acredito que trabalhando com uma equipe de confiança e já conhecida há muito tempo, possa diminuir em muito uma chance de um erro de comunicação.

O quarto e o último a ser colocado se refere a segurança do procedimento que será realizado. Explico aos pacientes o que considero uma cirurgia segura de acordo com uma associação de procedimentos e duração do procedimento. De uma maneira geral, evito cirurgias com mais de 6 horas de duração. Inúmeros estudos mostram que, após esse período aumentam as chances de complicações operatórias resultantes de hipotermia, como infecções, eventos cardíacos e necessidade de transfusões sanguíneas.

Preocupação constante

A prevenção de tromboses venosas profundas e tromboembolismo pulmonar e uma preocupação constante e fundamental, por isso, a utilização de meias compressivas e massageadores pneumáticos sempre que possível. Vale lembrar que os hospitais maiores já utilizam protocolos de tromboembolismo venoso que devem ser preenchidos para os pacientes.

Cirurgias associadas a outras especialidades devem ser vistas com bastante cautela. Geralmente combinação com histerectomia, colecistectomia e outras cirurgias menores não costuma ter problemas, mas com certeza, aumentam a chance de complicação.

Para concluir gostaria de lembrar a todos a importância do bom senso.

Se tiverem qualquer dúvida referente a cirurgia procurare o profissional especializado. Não esqueça, Cirurgia Plástica com cirurgião Plástico. Verifique se seu médico é realmente um cirurgião plástico acessando o site da Sociedade de Cirurgia Plástica www.cirurgiaplastica.org. br, ou o conselho regional de medicina do seu estado.